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TEATRO

Escrevi esta peça para o dia das crianças. Você pode copiar e usá-la em sua igreja. Por favor, depois compartilhe conosco esta experiência teatral, se foi edificante, quais os resultados, ok? 

A IGREJA QUE NÃO QUERIA TER FILHOS

Cenário: templo de uma igreja, púlpito, cadeiras. Depois um cenário numa rua qualquer.

Personagens: Pastor, irmã Valdete, irmão Severino, irmã Gertrudes, irmã Misericórdia, secretária, outros irmãos, crianças.

Parte 1 - A ASSEMBLEIA

Cenário: Membros da igreja alguns sentados, outros em pé, conversando em tumultos, reunidos para uma em assembleia.

Pastor: Por favor, peço que todos tomem seus lugares para darmos início à nossa Assembleia extraordinaria.

Todos se sentam e prestam atenção ao pastor.

Pastor: Teremos um assunto muito importante para ser tratado nesta assembleia extraordinária. Secretária! Anote tudo, por favor. Devido às inúmeras queixas dos membros desta igreja, temos em pauta uma decisão a ser tomada: Vamos decidir a extinção do departamento infantil de nossa igreja, bem como todas as atividades infantis, sejam elas quais forem. Aberto para a discussão, para quem levantar uma das mãos (3 pessoas levantam as mãos), pela ordem por favor, fale a irmã Valdete, nossa diaconisa.

Valdete: Sim, eu como diaconisa desta igreja há pelo menos 20 anos, fico na recepção por muitas vezes durante os cultos e já estou cansada. Cansada desta criançada sem educação, mal cheirosa que adentra pela porta de nossa igreja sem qualquer boa conduta. Elas vivem atropelando todo mundo, não se comportam nos assentos e estão sempre atrapalhando a ordem do culto. Sou a favor da extinção de todas as atividades infantis.

A maioria das pessoas concorda afirmando com a cabeça.

Pastor: Fale irmão Severino, nosso tesoureiro.

Severino: Outra coisa se cortarmos o departamento infantil e todas as atividades com as crianças teremos uma redução significativa de gastos. Irá sobrar dinheiro para a reforma do gabinete pastoral, dos banheiros e até dos copos descartáveis, porque vou te falar como tomam águas estes moleques! Bebem, largam os copos por aí, tomam uma, duas, três vezes e se bobear jogam água uns nos outros. Voto a favor também, chega destes pestinhas!

Pastor: irmã secretária anote tudo, por favor, (diz animadamente). Agora com a palavra a irmã Gertrudes.

Gertrudes: Sou a favor, porque não agüento mais tanto barulho destas crianças na hora do culto. Se estiverem no templo fazem bagunça, se dessem para o culto infantil estão se cutucando e conversando. Outro dia, esbarrei num destes pequeninos, que me retrucou falando uma palavra horrrro rooo osa! Por favor, peço que todos votem a favor.

Irmã Misericórdia: Mas irmãos se todos votarem a favor, acabará o departamento infantil, todas as atividades de crianças, e elas não terão mais motivos para vir à igreja!!

Todos dizem: OHHHH e começam a discutir

Pastor: Calma, irmãos! Vejam bem. Se elas não virem mais, acabarão nossos problemas de barulho, de gastos... Seremos apenas nós os adultos em plena paz para celebrarmos nossa programação tranquilamente, não será bom? Não terei mais que parar no meio dos sermões para olhar feio para qualquer moleque. Seremos apenas nós os adultos e os jovens que permanecerem conosco.

Severino: Pastor, a maioria concorda, é só colocar em votação.

Misericórdia: Irmãos, por favor, pensem um pouco mais, uma igreja sem crianças, não poderá crescer, não terá futuro, vamos fechar as portas. Além do mais, se pararmos com as atividades, vamos ter que parar de fazer o “sopão” da noite, e as crianças de rua vão morrer de fome!!!

Pastor: Irmã Misericórdia, por favor, fique calada porque a irmã está fora de ordem. Por favor, espere sua vez. (limpa a garganta, tossindo rapidamente) Vamos levar então à votação. Os irmãos favoráveis à extinção do departamento infantil e de todas as atividades relacionadas levantam suas mãos direitas, contrários à esquerda.

Todos levantam a mão direita, apenas a irmã Misericórdia, levanta a esquerda.

Pastor: Como a maioria foi a favor, anote aí secretária, que a partir de hoje, nossa igreja não terá mais departamento infantil e nenhuma outra atividade com crianças. E declaro encerrada a assembleia.

Todos saem de cena satisfeitos, e Misericórdia fica sozinha no palco lamentando e chorando.

Misericórdia (olha pra cima) e diz: Meu Deus, o que será desta igreja que recusa as criancinhas? Esta igreja está recusando a ti Senhor, pois tu disseste que qualquer que fizesse mal a um destes pequeninos, estaria fazendo  a ti!! Ó pai, tira a venda dos olhos destes irmãos, para que estes acordem a tempo de reparar este tão terrível erro.

Misericórdia sai de cena.





PARTE 2 – O CULTO SEM CRIANÇAS


Todos os adultos se assentam para começar o culto. Entram algumas crianças barulhentas, mas são retiradas asperamente pelos adultos presentes.
O pastor entra para iniciar o culto.

Pastor: Vamos iniciar o culto desta noite com aquele hineto: Nosso general é Cristo.

Começam a cantar bem devagar e sem ânimo.

Pastor: Parem, parem, está muito feio. Ao invés de cantar vamos, ler um versículo da Bíblia. Irmã Misericórdia, escolha um versículo.

Misericórdia lê: Marcos 10:14. “Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino dos céus”.

Pastor: Misericórdia, irmã misericórdia, tanto versículo para ler, foi escolher justo este? Vamos prosseguir. Hoje é um dia muito importante para nós, estamos pela primeira vez, reunidos, nesta memorável noite, tão tranqüila, sem nenhuma criança, graças a  (tosse e engasga), estamos aqui para falarmos do amor ( tosse novamente), esta noite será diferente de todas... será maravilhosa será tranqüila, nunca mais serei interrompido por este moleques bagunceiros ...
E bla bla bla bla bla bla ( fala bla bla mesmo, até que todos dormem)

Enquanto ele fala, todos começam a bocejar e alguns chegam a dormir.


Pastor: bla bla bla, e encerramos o culto desta noite.

Todos se levantam meio que dormindo e vão embora.


PARTE 3 - O PASTOR TEM UM ENCONTRO COM UMA CRIANÇA DE RUA

Pastor vem andando para chegar em casa, e fica falando sozinho.

Pastor: Ai que culto mais esquisito. Parecia que tava todo mundo dormindo! Nem cantar conseguimos. Poxa vida, mas foi a primeira vez que consegui pregar sem ser interrompido por qualquer barulho daquelas crianças chatinhas... Mas foi a primeira vez também que TODOS dormiram...

De repente, tropeça numa criança de rua que estava dormindo no chão frio.

Pastor: ai, o que é isto? No quê tropecei?

Criança: ai tio, não ta me vendo não? Tá cego?

Pastor: ei, você ta dormindo neste chão duro? Você não tem casa não?

Criança: Ô tio, alem de não enxergar é meio devagar né? Se eu tivesse casa, eu ia ta dormindo aqui neste chão frio? Me dá um real aí pra eu comprar um cigarro? To com fome

Pastor: uai ta com fome e quer fumar?

Criança: é que com o cigarro a gente engana mais a fome. Antigamente a gente ainda podia tomar uma sopa que a igreja dali fazia pra gente, mas agora, acabou, dizem que o tal do pastor não gosta de crianças e mandou cortar nosso sopão.

O pastor engole seco e lhe dá um real. A criança sai correndo e o pastor olha para outras crianças dormindo na rua, todas encolhidas com frio e maltrapilhas.

Toca um louvor, ou alguém canta um louvor de acordo, enquanto ele olha a cena.

Quando o louvor pára, uma voz masculina fala alto e grave:

“QUALQUER QUE RECEBE UMA CRIANÇA TAL COM COMO ESTA, EM MEU NOME, A MIM ME RECEBE; E QUALQUER QUE A MIM ME RECEBE, NÃO RECEBE A MIM, MAS AO QUE ME ENVIOU” (Mc. 9:37) “ O QUE PORÉM QUE FIZER TROPEÇAR A UM DESTES PEQUENINOS QUE CRÊEM EM MIM, MELHOR LHE FORA SE LHE PENDURASSE AO PESCOÇO UMA GRANDE PEDRA DE MOINHO...” ( MT 18:6)

O Pastor começa a chorar e sai de cena.


Parte 4 – PASTOR REUNE NOVAMENTE A IGREJA

As pessoas se assentam, e entram crianças de rua que também se sentam atrás dos adultos que as olham atravessado, se questionando o que seria aquilo? Quem teria aberto a porta para elas?

O pastor entra e começa a falar: Irmãos, decidi tomar outra grande decisão para esta igreja. De hoje em diante, as crianças, todas, pobres ou ricas, cheirosas ou não, bagunceiras ou não, serão muito bem vindas nesta igreja.

Valdete: Mas pastor e este cheirinho? (tampa o nariz)

Severino: e os gastos?

Gertrudes: e este barulho?

Pastor: Na noite passada, Jesus me deu uma grande lição.
Ele mesmo ralhou com os discípulos quando rejeitaram as crianças. Ele disse: deixai vir a mim, porque dos tais é o reino de Deus. Disse que deveríamos ser como elas, disse que nunca devíamos escandalizar qualquer um destes pequeninos. Quem somos nós para desprezarmos uma criança? E tem mais, como queremos ser uma igreja no futuro sem crianças? Sem elas nem conseguimos cantar um simples hineto alegremente!!! É das criancinhas que brota o perfeito louvor! Se rejeitarmos as crianças e não realizarmos tarefas que as edifiquem seremos uma igreja vazia, de velhos ranzinzas e dorminhocos, é isto que vocês querem?

Valdete: bem, falando assim realmente o pastor razão. Eu posso reunir algumas irmãs e darmos um banho quentinho nelas de vez em quando.

Severino: hum, eu posso reservar parte das ofertas para comprarmos roupas e agasalhos para elas.

Gertrudes: e eu posso ir ensinando a cada uma delas a como se comportarem dentro da igreja para que todos possamos louvar ao Senhor

Misericórdia: Misericórdia Jesus, aconteceu um milagre!!

Pastor: diante disto, eu declaro anulada a decisão da assembleia passada e declaro que todos nós de hoje em diante vamos dar valor a todas as crianças que vierem em nossa igreja e vamos ensiná-las do amor de Cristo para todas. Todos que concordam digam: amém. Amém?

TODOS: amém

Pastor: agora vamos encerrar o culto desta noite cantando ANIMADAMENTE o hineto: nosso general é Cristo.

Todos cantam com muita alegria.

FIM

Dorcas Rosicler
Em 10/09/2011